Cobrar ou não cobrar a consulta

Essa é uma dúvida que paira no ar para muitos advogados, sobretudo os iniciantes. Creio que advogados iniciantes tenham um pouco mais de problema para impor seu preço ao cliente. Primeiramente porque os preços da Tabela de Honorários da OAB não são preço de banana na feira (lógico!) e é comum que o cliente ache caro. E segundo, e mais importante, porque advogados iniciantes não têm o know how de um advogado mais experiente, nem um nome super conhecido pela sua reputação. Sendo assim, impor o preço gera uma certa insegurança.
Antes de mais nada, vamos frisar aqui que a consulta é parte do trabalho de um advogado. Quando você vai a um médico, nutricionista, fisioterapeuta, fonoaudiólogo.. eles cobram a consulta, certo? Pois bem, um advogado também cobra! Não existe isso de "vamos conversar se vale a pena entrar com um processo". E somente se houver o ajuizamento da ação cobrar alguma coisa do cliente. Ora, se o advogado estudou para responder às suas perguntas jurídicas, e despendeu um tempo de seu dia de trabalho para atendê-lo, é óbvio que ele deve cobrar a consulta.


É preciso que tenhamos a consciência de que nosso trabalho é digno e deve ser  valorizado (e se nem você valorizar, sinto em dizer, mas ninguém mais vai!). Advogado também come, também paga contas, paga a anuidade da OAB, e muitas outras coisas mais. Filhos de advogados também comem, viu? E dão gastos como os filhos de outras pessoas.

Então comece tendo em vista que você PRECISA ganhar dinheiro, porque infelizmente não pode viver de amor.

Sendo assim, o ideal seria que o advogado cobrasse pela consulta, independente de haver posteriormente uma ação judicial ou não. Até mesmo porque em alguns casos, uma simples consulta pode resolver o problema do cliente. Além disso, o advogado, como já disse, despendeu tempo de seu dia de trabalho para atender ao cliente. E mesmo que a dúvida desse cliente seja algo que você entenda bem e saiba responder rápido, lembre-se sempre: você sabe responder facilmente porque estudou essa matéria e investiu tempo nisso. Logo, valorize seu trabalho sempre!




Entretanto, nos deparamos agora com algumas situações que podem atrapalhar um pouco. Vamos supor que você vá atuar em áreas como Direito do Trabalho ou Previdenciário, nas quais muitas vezes o cliente não possui renda e depende do seu trabalho para ganhar alguma coisa, seja de algum benefício previdenciário ou algum encargo trabalhista devido pelo empregador.

Quando trabalhamos com pessoas muito simples e de pouca renda, cobrar a consulta pode ser uma tarefa não tão simples. Isso porque a OAB estipula preços em torno de R$ 250,00 para a consulta (a OAB de SP atualmente estipula o valor de R$ 261, 16 por hora para consultas das 8 às 18h. Fora desse horário, há acréscimo de 20 a 30%). E todos nós sabemos que para pessoas de baixa renda esse valor não é pouca coisa e faz muita diferença.

Para esse caso, sugiro uma solução que considero bem plausível. Cobre a consulta! E caso haja posteriormente uma ação judicial, desconte do valor da ação o valor já pago da consulta. Assim o advogado não sai no prejuízo, pois recebeu por seu trabalho, e o cliente também não sai no prejuízo, pois o valor da consulta já foi incluso no valor total que ele pagou ao advogado para resolver seu problema.

Apesar disso, conheço alguns profissionais excelentes e que não cobram a consulta. E outros que cobram a consulta e mais o valor da ação. Depende muito do seu modo de trabalhar e, creio eu, do cliente. Se o cliente tem condições de pagar, por que não cobrar e valorizar seu trabalho?




















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2 comentários

  1. E acho assim, se o cliente for de baixa renda, você pode ver um preço especial, um dia especial pra atendê-lo, por exemplo, sempre ás quarta-feiras, a tarde, por 80 reais, sei lá, ou então, recomendar que ele vá até a OAB e peça para nomearem um advogado pra ele... Não sei, é complicado esses casos com pessoas de baixa renda, a gente se sensibiliza, mas mesmo assim não podemos "viver de amor", infelizmente...
    www.klaryan.com

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    1. Dependendo do assunto, encaminhamos o cliente para a Defensoria Pública, para que ele seja atendido gratuitamente. Mas algumas matérias, como Previdenciário e Trabalhista, a Defensoria não atende.

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